O começo
Nascido em 21 de março de 1960, Senna era filho de um empresário, Milton Guirado Theodoro Da Silva. Desde muito cedo ele sempre teve interesse em carros, como por exemplo com um de seus desenhos favoritos, o Speed Racer. Seu pai também incentivava esse gosto – foi ele quem deu o primeiro carro de kart para Ayrton, aos 4 anos.
Porém, apesar de todo esse incentivo, Milton queria que o filho se dedicasse aos negócios da família (o que é compreensível, já que para ser um piloto apenas o talento não basta, exigindo também um grande esforço financeiro na formação). Isso mudaria quando Ayrton entrasse para a Fórmula 1, muito tempo depois.
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No kart
A carreira de Ayrton no kart começou oficialmente aos treze anos de idade, sendo que mais tarde ele se destacaria com três títulos brasileiros seguidos (em 1978, 1979 e 1980). Ele não conseguiria vencer o campeonato mundial da categoria, mas seus dois vice-campeonatos já o enquadravam como uma grande promessa para o futuro.
A partir daí, Senna acumulou vitórias na Fórmula Ford 1600, Fórmula Ford Britânica (e também na categoria 2000), além da Fórmula 3 inglesa. Com essas credenciais, um lugar na Fórmula 1 já começava a ser mais uma realidade possível do que um sonho distante, sendo este o próximo passo na carreira.
Chegando na Fórmula 1
Embora tivesse o interesse de diversas equipes, a única que acabou oferecendo um carro para Senna foi a Toleman, em 1984. Logo na segunda corrida ele conquistaria seu primeiro ponto, e num dia de chuva em Mônaco ele até chegaria a sentir o gosto da vitória (que acabou não vindo, pois a corrida foi interrompida e, mesmo que tivesse ultrapassado Prost para chegar à liderança, as posições computadas foram as da volta anterior, de acordo com o regulamento).
Entretanto, ele alcançou o pódio em Brands Hatch e Estoril, terminando ambas em terceiro lugar. Isso foi suficiente para ser considerado a revelação do ano, o que acabou com a Lotus oferecendo um contrato para Senna (a Toleman ainda o deixaria de fora do GP da Itália daquele ano, por quebra de contrato).
E seria justamente pela Lotus que ele conseguiria sua primeira vitória, no GP de Portugal de 1985. Naquele ano, ainda viria outra vitória em Spa-Francorchamps, as duas corridas com muita chuva. Numa época onde a competição era bastante acirrada, esses resultados foram bons o suficiente para levá-lo ao 4º lugar no campeonato.
No ano seguinte, Senna conseguiria mais duas vitórias (em Jerez e Detroit), mas tinha um carro inferior aos da Williams e McLaren. Isso o obrigou a adotar estratégias alternativas, como por exemplo não trocar pneus, mas sendo obrigado a abandonar corridas por diversas vezes devido a quebras, Senna ficou novamente em 4º lugar.
Ele ainda ficaria mais um ano na Lotus, conquistando duas vitórias em 1987 e até chegando a disputar o título por bastante tempo (ainda que a equipe tivesse melhorado o carro, não foi o suficiente e Ayrton acabaria a temporada no 3º lugar geral).
O auge na McLaren
O ano de 1988 marcaria a entrada de Senna numa equipe de ponta, e também o início da rivalidade com Prost. Com o icônico MP4/4, a McLaren venceu 15 das 16 corridas (sendo considerado por muitos o melhor carro que já disputou uma corrida de F1, tendo liderado mais de 97% das voltas naquela temporada).
Senna obteve 8 vitórias naquela temporada, e além de ser campeão, foi também o momento em que virou um herói nacional. Após esse grande ano, uma grande polêmica. Em 1989, Senna venceu seis corridas, e ficaria com o título caso não fosse desqualificado no GP do Japão (o penúltimo do ano).
Senna havia saído da pista justamente numa colisão ao tentar ultrapassar Prost, e teve ajuda dos fiscais de prova empurrando o carro para voltar – o que foi considerado pela FIA como um “corte” e acabou por definir o título para o francês. Anos mais tarde, o próprio Jean-Marie Balestre (que à época da corrida era o mandatário da FIA) admitiu ter ajudado Prost com essa decisão.
Assim, o clima na McLaren chegou ao pior estágio e com isso Prost saiu rumo à Ferrari. Em 1990, ele voltaria a brigar com Senna pelo título (o brasileiro venceria seis corridas, e o francês, cinco). Um grande destaque é que Senna se vingaria da polêmica corrida do Japão de 1989 exatamente no mesmo lugar. Com a chance de ser campeão antecipadamente, Senna se chocou com Prost logo na primeira curva, o que confirmou o segundo título do brasileiro.
Em 1991, tivemos o que seria o último título de Senna. Prost não teve uma boa temporada e a rivalidade passou a ficar em segundo plano, com o brasileiro novamente alcançando as seis vitórias. Quem chegou a competir foi o inglês Nigel Mansell, então na Williams, mas como ele não conseguiu bons resultados nas primeiras corridas da temporada, isso permitiu a Senna ser mais dominante e conquistar seu terceiro título sendo dominante durante todo o ano.
A temporada de 1992 marcaria um momento completamente diferente para Senna. A Williams provaria ter um carro bastante superior e Mansell conquistaria o título vencendo nove das dezesseis corridas – Ayrton venceria três, mas não seria um grande resultado. Novamente, ele ficou em 4º lugar no campeonato, atrás de Riccardo Patrese, também da Williams, e de um Michael Schumacher que começava a despontar na categoria.
O ano de 1993 marcaria não apenas o último capítulo da rivalidade entre Senna e Prost, mas também a última temporada do brasileiro na McLaren. A Williams seria dominante novamente, vencendo dez corridas no ano, sendo sete com Prost, que acabou como campeão (esse também seria o quarto e último título do francês). A temporada de Senna não chegou a ser ruim, com cinco vitórias que valeram o vice-campeonato, mas era claro que não havia competição com a Williams.
O fatídico ano de 1994
Senna conseguiria se transferir para a Williams em 1994, para guiar o carro que era o melhor do grid até então. Ele tentou fazer isso em 1993, mas foi vetado por Prost (uma cláusula no contrato do francês permitia que ele vetasse Ayrton). Porém, em 1994 essa cláusula não era mais válida e Prost preferiu se aposentar do que ter Senna como companheiro novamente.
Porém, o sonho de guiar um “carro de outro mundo” acabou não se concretizando. A FIA baniu os sistemas eletrônicos e a suspensão ativa, o que acabou prejudicando muito a Williams – que tinha um carro potente, mas que acabou se tornando imprevisível e difícil de guiar.
Ele até conseguiu três poles nas três primeiras corridas, sendo que nas duas primeiras foi obrigado a abandonar. Foi então que, na terceira corrida, em San Marino, o destino mudaria completamente. Mesmo com a pole, o treino classificatório foi marcado pela morte de Roland Ratzenberger, que viu sua Simtek escapar na curva Villeneuve.
Esse fato por si só já causou uma discussão sobre adiar a corrida – algo que acabou não acontecendo. No dia seguinte, Senna largaria novamente em primeiro lugar, mas ele já estava bem abalado com a morte do colega no dia anterior, e a corrida também começaria de forma bastante confusa.
Logo no início, J.J. Lehto, que estava na 5ª posição, não conseguiu largar e viu seu carro parado. Pedro Lamy não tinha uma boa visão do ocorrido e acabou tendo uma colisão com a traseira do carro de Lehto, ocasionando a entrada do safety car (sendo que destroços voaram por todo lado e feriram até espectadores, apesar das grades de proteção). Após isso, na 6ª volta a corrida teve seu reinício.
E é justamente na volta seguinte que acontece um momento fatídico que infelizmente entraria para a história. Senna perde a direção do carro a 210km/h na curva Tamburello (uma curva rápida onde Nelson Piquet e Gerhard Berger já haviam se acidentado em temporadas anteriores).
No caso de Senna, o agravante foi a barra de direção mal soldada que se rompeu por não aguentar o impacto. Além disso, um dos braços da suspensão atingiu a junção da viseira de seu capacete, embora isso possa não ter um efeito tão grande - a força do impacto é que foi determinante. E assim, com uma sucessão de fatores, é que a vida de Senna acabou. Nos dias de hoje, a curva Tamburello acabou virando uma chicane, diminuindo em muito a velocidade no setor.
Não apenas isso, mas o circuito de Interlagos seria reformado em 1990 (a curva do “S do Senna” não é apenas uma homenagem, mas também uma sugestão dada pelo piloto a fim de ligar as duas retas do circuito, para estar de acordo com as regras da FIA). Não somente isso, mas também as regras de segurança foram revistas após seu trágico acidente, mas o legado de Senna ainda é gigantesco e vai muito além das pistas.