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O excesso de jogos no calendário brasileiro e como isso afeta o espetáculo

Lucas Leonese
por: Lucas dos Santos Leonese
11/06/2024
Notícias
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Quantidade gigantesca de jogos é ruim em todos os sentidos

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Recentemente, o Real Madrid reclamou do novo Supermundial de Clubes (competição que será disputada em 2025) graças à quantidade de jogos que incluirá no calendário – para quem alcançar a final, serão 7 jogos a mais na temporada. Entretanto, mesmo esse número ainda é menor do que os times brasileiros fazem em média numa temporada (sendo que vários deles, pelos estaduais, não chegam a ter valor algum), e o futebol brasileiro tem um excesso de partidas que compromete o espetáculo.

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Não apenas o Real Madrid, mas também Pep Guardiola e a FifPro, associação internacional de jogadores de futebol, se posicionaram contra o novo torneio – mas ao que parece a organização desconhece o calendário brasileiro. Financeiramente, esse calendário também não tem sido muito produtivo, já que há vários jogos com baixíssimo público, e em certos estaduais nem a verba de TV chega a justificar sua existência nos dias atuais, mas a desorganização dos clubes e da CBF prolonga esse caos ininterrupto.

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Comparação com outras ligas

Para termos uma ideia, o Fortaleza – que além de ter o estadual, joga também a Copa do Nordeste, além dos campeonatos tradicionais como a Série A do brasileirão, a Copa do Brasil e a Sul-Americana, onde chegou na final em 2023 – chegou a jogar 78 partidas na temporada de 2023. O Real Madrid, que venceu a última edição da UEFA Champions League, fez 55 partidas no total da temporada.

Os times brasileiros disputam mais de 65 partidas em média por temporada, ao passo que entre os times do campeonato espanhol a média é pouco mais de 45 jogos. Essa quantidade a mais é sempre um fator bem conhecido para a piora do produto, mas a vontade de mudar este cenário ainda é baixa por parte dos organizadores – muito se fala e pouco se faz.

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Quantidade de jogos afeta a qualidade do espetáculo

Esse abismo de diferença compromete o espetáculo de várias maneiras – jogos que não muito atraentes ao interesse do público, que pode escolher entre mais partidas e consequentemente esvazia mais os estádios, já que não são muitos os torcedores que podem se dar ao luxo de assistir todas as partidas.

Os atletas também sofrem com isso, pois há um desgaste maior que acaba comprometendo não apenas a sua condição física, mas também na qualidade dos jogos – ninguém irá trabalhar melhor com um desgaste maior.

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Vontade política para mudar o cenário parece inexistente

Há vários culpados para essa situação. CBF, clubes e federações estaduais pouco fazem para mudar o cenário – por vezes, há até um discurso para que haja uma alteração, mas nada é feito na prática. Recentemente, o assunto foi até discutido juntamente com a criação de uma nova liga para o futebol brasileiro, mas com o racha que houve entre Libra e Liga Forte do Futebol, ao que parece nada mudará.

Para a CBF e federações estaduais, o interesse na mudança também é praticamente inexistente, já que as federações ganham algum dinheiro com a realização dos estaduais – como porcentagens em renda de bilheteria e direitos de TV, e em alguns casos não há nem premiação para o campeão estadual. Esse cenário mostra bem a bagunça que é o futebol brasileiro e também que a prioridade está longe de ser a oferta de um bom produto para os torcedores.

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Times menos expressivos também sofrem

Enquanto os maiores times do país têm um excesso de jogos, na outra ponta o problema é justamente o contrário. Muitas das equipes menores não chegam a fazer mais de 20 jogos num ano, já que não se classificam para competições nacionais (e algumas dessas competições, como a Série D do brasileiro, também não tem uma duração muito longa).

Dessa maneira, os campeonatos estaduais acabam virando a única opção para clubes que deveriam ter mais oportunidades para entrar em campo – uma série D mais inclusiva e regionalizada poderia ser muito mais interessante do que poucos jogos concentrados apenas no início do ano.

Mesmo a existência dos estaduais de maneira mais organizada, com mais partidas para esses times e menos jogos para as grandes equipes poderia ser algo mais viável, mas a organização do futebol brasileiro e a política envolvida nesse meio parece inviabilizar qualquer tentativa de melhora num produto que está visivelmente desgastado em todos os sentidos.

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Conclusão

A elaboração do calendário do futebol brasileiro é sempre a pior possível, e não existem grandes sinais de melhora - inclusive na próxima temporada já foi indicado que o brasileirão não deverá parar durante a disputa do Supermundial organizado pela FIFA. A falta de vontade política e excessos de desculpas impedem que haja decisões no sentido contrário, com nenhuma luz no fim do túnel.

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