Nas últimas semanas, o cenário mudou
Porém, em um movimento encabeçado pelo Flamengo e agora apoiado por Atlético-MG, Athletico-PR, Botafogo, Bragantino, Fluminense, Palmeiras, São Paulo e Vasco, finalmente houve um questionamento em relação à esta situação. Porém, o que segue sem explicação é: porque os times não questionaram o calendário antes do início das competições, quando havia tempo disponível para encontrar uma maneira onde fosse possível atender a essas necessidades?
Já é de conhecimento geral que o calendário brasileiro é muito provavelmente o pior do mundo, encavalando competições e jogos até onde não se pode mais e buscando soluções apenas para quando não existe outra saída a não ser ceder.
Um exemplo disso é a regra de serem permitidos jogos de uma mesma equipe apenas após um intervalo mínimo de 72 horas (uma mudança exigida pela FIFA, pois caso contrário ainda veríamos situações de times fazendo mais de um jogo no mesmo dia, como ocorria em tempos mais antigos).
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Decisão envolve mais do que apenas vontade da CBF
Apesar de a CBF ter definido previamente que essa parada não existiria, há ainda outras questões a serem superadas. Como dito, o calendário brasileiro é extremamente confuso e qualquer mudança pode causar um efeito borboleta gigantesco, já que as datas são escassas.
A proposta dos clubes é colocar essas rodadas que seriam adiadas em datas onde a Copa do Brasil seria disputada, colocando a final da competição mais para o final do ano. Mas mesmo assim ainda há problemas. O primeiro, a sobreposição de datas, já que haveria conflito de datas com a Copa Intercontinental da FIFA, em 30 de novembro (mesma data da possível final da Copa do Brasil).
O segundo, menos óbvio, é que a disposição do calendário também envolve questões de patrocínio, o que teria de ser acordado com os patrocinadores (que perderiam exposição neste período). Por fim, existe também a possibilidade de termos o calendário de 2025 sendo afetado, o que é também muito ruim.
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Discussão sobre o calendário já é antiga
O maior problema em relação ao calendário é a existência de campeonatos estaduais, muitas vezes lentos e arrastados para chegar a uma fase final onde apenas um punhado de jogos são interessantes. E quando comparamos com o calendário europeu (que também tem lá seus problemas, embora muito menores que aqui), são justamente esses jogos que fazem a diferença.
Fato é que mesmo não sendo uma competição atrativa, os estaduais ainda conseguem atrair atenção da mídia e até renderem algum lucro, em certos casos. Assim, para clubes que não estão bem financeiramente, o estadual ajuda a colocar as contas em dia.
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Desunião dos clubes é novamente exposta
O que se pode depreender desta situação é que a falta de união entre os clubes segue sendo a regra. Era sim bem possível que essa discussão tivesse ocorrido já no ano passado, ao invés de começar como uma iniciativa do Flamengo que foi abraçada por outros clubes já durante a temporada de 2024.
Como nas negociações por direitos de TV, que também seguem longe de um ritmo ideal, os clubes novamente deixaram de lado uma questão de interesse comum que poderia ter sido resolvida com um diálogo maior, ao invés de colocar um grande ponto de interrogação no andamento da temporada.
Além disso, essa situação expõe também uma falta de profissionalismo dos clubes, que já conheciam essa situação de antemão e ficaram de braços cruzados por um bom tempo antes de tomar uma atitude – que pode, com alguma razão, ser rechaçada pela CBF. A pausa é necessária, entretanto, a discussão deveria ter sido feita em momento propício.